terça-feira, 19 de janeiro de 2010

3º capitulo do meu livro

3. Os novos amigos


-Cristiane? Você está bem? Porque está toda pensativa? – nossa agora sim ela devia não estar entendendo mais nada, apesar de tudo ela sabia que eu era daquele jeito, quando queria fazer uma pergunta sempre fazia duas ou mais de uma só vez.
-Calma Maria Eduarda eu estou bem, só estava pensando aqui, porque esses novos amigos não chegaram ainda, já são de duas horas.
Não estava entendendo mais nada, porque ela estava tão preocupada se eles chegaram ou ainda não.
-Ai, Cris eles já estão chegando! – eu que tinha que acalmar ela.
-Como é que você pode ter tanta certeza?
É ela não estava muito bem, porque ela queria saber tudo sobre eles, eu não estava entendendo mais nada e eu queria entender porque ela sempre me contava tudo e justo hoje ela não queria falar nada sobre esse assunto.
-Ai, Cris dá pra parar de perguntar tudo sobre eles? Eu tenho certeza porque eles nesse exato momento estão atravessando a rua.
Quando eu acabei de falar a campainha tocou e a Cris pulou do sofá, de repente meu pai saiu da cozinha resmungando, só que não deu para ouvir porque ele estava falando baixo de mais e foi abrir a porta para os nossos novos amigos.
Eu fui para a cozinha para tentar ajudar a minha mãe em qualquer coisa que ela precisasse e a Cris também não ficou para trás e me acompanhou colocando a mão no meu ombro.
-Maria Eduarda!- minha mãe estava gritando ao me chamar e logo em seguida... – Ah, não precisa mais não já arrumei.
-Arrumou o que? – não estávamos entendendo nada muito menos a Cris por isso nós duas falamos juntas.
-A caixa de cerveja do seu pai, não estava conseguindo mais já consegui.
Quando minha mãe parou de falar a Cris pulou atrás de mim e eu e a minha mãe olhamos para ela, quando eu virei à cabeça eu vi o Caio, seu pai, sua mãe e sua irmã mais nova. Só que essa irmã foi uma surpresa para mim porque eu pensava que ele era filho unigênito igual a mim.
-Duda, Anna, Cris, esses são a família Pietro, meus novos amigos e gostaria de apresentá-los a vocês aproveitando que estão todos aqui na cozinha.
-Bom, vamos lá. Vou começar pelo Caio. – e foi apontando para ele e chegando mais perto de mim, abaixei minha cabeça para meu pai não ver que eu estava rindo da situação, sendo apresentada novamente para o Caio como fosse se eu não o conhecesse isso me fez rir mais ainda. –Caio, essa é a minha única filha, Maria Eduarda, ou só Duda mesmo ela prefere. – levantei a cabeça e de repente ele foi me dando um beijo na bochecha, como forma de me cumprimentar eu também dei um de volta para não deixá-lo sem graça. Olhei para o meu pai e ele estava pasmo com isso, porque ele nunca me tinha visto fazendo isso na sua frente.
-Olá, Caio. É bom te conhecer. – dei uma risadinha e ele foi cumprimentar a minha mãe do mesmo jeito e meu pai disse a mesma coisa, só que quando chegou à Cris foi diferente e ninguém estava entendendo.
-Você?- de repente os dois falaram juntos e a mesma coisa. – o que você está fazendo aqui? Eu prometi que não iria mais atrás de você e é você que vem atrás de mim agora?- o que o Caio estava falando todos olharam para ele quando ele acabou de falar.
-Espera aí, vocês tiveram um romance ou é impressão minha?
A Cris olhou para mim com olhar de ódio, parecia que eu tinha falando coisas de mais que ninguém poderia saber e depois disse.
-É, nós tivemos um romance sim, só que faz tempo, quando ele vinha aqui para visitar a avó dele, depois ele parou de vir e a gente parou de namorar.- quando ela falou namorar eu dei pulo para trás e quase pisei no pé da minha mãe.
-Vocês estavam namorando? Cris, você não me falou nada? Nossa, que melhor amiga que você é, eu te conto tudo e você não me conta nada. - de repente minha cara estava branca de tanta raiva só que eu não podia brigar com ela agora depois desse susto que todos nós tomamos.
Depois disso, meu pai apresentou a mãe dele que se chamava Helena, era uma mulher alta, bonita, cabelos castanhos, olhos azuis. Depois dela foi a vez do seu marido, ele se chamava Marcus, era um homem forte com muitos músculos, alto, cabelos pretos e olhos verdes. E veio a menininha que se chamava Lara que era a irmã caçula do Caio, ela era baixinha, com olhos verdes, igual a do pai e cabelos pretos. O Caio era muito parecido com a mãe Helena e a Lara era muito parecido com o pai Marcus.
Depois todos nós fomos para o quintal, porque o churrasco seria lá e eu estava morrendo de calor então eu seria a primeira a entrar na piscina. Mas, antes de entrar eu queria conversar com a Cris sobre o que tinha ocorrido quando ela foi cumprimentar o Caio.
-Cris, vem cá um pouquinho só. – eu não falava muito alto, todos podiam ouvir, mas ninguém prestou atenção.
- O que foi Duda?- ela estava um pouco zangada, só que quando percebeu que eu tinha percebido o tom dela melhorou e falou normal.
-Por que você nunca me contou que tinha namorado o Caio? Eu te conto tudo e você nesses momentos não me conta nada, até parece que eu saio contando para todo mundo. Vai-me conta logo como isso aconteceu?
-Foi o seguinte, quando o Caio vinha visitar sua avó ela morava perto da minha casa, aí eu ficava o observando e um dia ele puxou papo falando que eu era muito bonita e esse tipo de coisas e assim a gente acabou ficando e resolvemos namorar só que ele tinha uma namorada na cidade onde ele morava, e eu não gostava disso, eu era a “outra”, o que eu quero dizer é que eu era a amante dele e eu não gostava nada disso e aí nós concordamos em nunca nos vermos e depois de uns dois dias depois de nós concordarmos meu pai arrumou uma casa maior pra gente morar, porque aquela casa não ia suportar a chegada da minha irmã mais nova não cabiam duas filhas lá, então ele arrumou aquela casa que eu to morando até hoje. – eu podia sentir que ela estava sendo sincera ao contar tudo e eu estava ficando feliz ela finalmente estava me contando o que havia acontecido quando mencionei o nome do Caio. – e assim nunca mais o vi e agora ele mudou para cá de uma vez e pelo jeito largou a namorada dele lá. E agora ele mora bem em frente a sua casa e eu não achei nada bom, porque eu sempre venho aqui e agora vou ver ele.
- Nossa, sua história foi comovente, mais tudo bem, eu te entendo. Mas sabe, eu estou com muito calor e eu quero nadar se você quiser me acompanhar vamos logo.
E assim, ela veio porque eu tenho certeza que ela também estava com calor. Fomos sós nadarmos e depois a Lara também entrou só que não quis ficar perto da gente ficou um pouco afastada. Estava tão entretida jogando a bola uma para a outra que não ouvi meu pai chamar a Cris e assim eu o ouvi gritando o nome dela e aquilo me assustou e ela saiu da piscina rápida porque ela só tinha ouvido na hora do grito também. Depois de uns poucos minutos ela começou a cochichar no meu ouvido.
-Ai, Duda, me desculpe mas é que meu pai pediu para mim não dormir aqui hoje porque os meus avós de Belo Horizonte estão ai, eles vieram sem avisar e agora meu pai está querendo ir passar o natal na praia, já que a casa irá estar vazia vamos para lá hoje a noite,vamos um pouco antes para não pegar muito congestionamento, você sabe como é. – enquanto ela falava os seus olhos brilhavam de alegria e satisfação. – Bom, então eu vou ter que ir para arrumar a mala porque vamos sair daqui depois das sete horas da noite, não vai dar para contar tudo porque se não meu pai me mata, olha vou lá ao seu quarto trocar de roupa e depois já estou indo nem vou passar aqui então até não sei quando, é que meu pai está pensando em passar o ano novo e as férias também, já que a casa lá da praia é nossa, podemos ficar o tempo que quisermos. Então tchau e eu te ligo quando voltarmos. Tchau gente foi muito conhecer vocês. Tchau Dona Anna e Sr. Roberto.
E assim ela entrou na casa e não voltou mais ela já devia ter ido embora porque a felicidade dela não se compara ao de ninguém nessa festa, principalmente a minha, agora eu não teria ninguém para conversar a não ser o Caio, mas ele era homem e eu também não gostava muito dele, só falava com ele quando precisava. Então resolvi sair da piscina agora ela estava chata, porque não tinha ninguém para eu jogar a minha bola a não ser a Lara, mas ela parecia muito metida para o meu gosto. Sentei na cadeira onde estava a minha bolsa e fiquei lá, tomando um pouco de sol, como eu adorava fazer. De repente ouvi uma voz bem no meu ouvido.
-Cuidado, algum vizinho pode ficar louco vendo sua vizinha tomando sol. – só ele para me fazer rir e aí soltei um risinho que só ele e eu pudemos ouvir. – Não é mesmo?
-Ué, não sei. Só você nesse momento pode responder a essa pergunta e então qual a resposta?
-A resposta é que é verdade sim. E por isso queria conversar com vocês a sós. – e assim que ele parou de falar olhei em volta e todos estavam olhando para nós e eu nem tinha percebido e quando percebi estava vermelha e pegando fogo, dava para sentir. E eu também não tinha resposta para isso, porque eu não queria trair a minha amiga quando ela contava aquela história dela, dava para perceber que ela ainda gostava dele, mas conversar com ele não seria nada de mais.
-Está eu vou falar com você. Mas não quero ninguém vendo porque eles já estão pensando outra coisa e a gente só vai conversar.
Então saímos do quintal e eu não sabia onde ele queria falar comigo, porque eu estava totalmente perdida na minha própria casa.
-Aonde você quer conversar comigo, porque eu não faço a mínima idéia.
- Bom, seria bom lá em cima, porque aqui todo mundo pode vir aqui na cozinha e escutar e acredite-os estão morrendo de vontade de saber o que a gente irá conversar.
-Então está bom. Vamos.
E assim, eu puxei ele pela mão só que na hora que eu percebi tirei logo e ele deu uma risadinha só que fingi que não ouvi. Subimos e fui para a sala do segundo andar, sentei no sofá e esperei ele sentar também só que ele ficou olhando para a janela.
-A minha janela não tem nada. – e dei uma risadinha. – o que ela tem tão importante?
-Nada, mas é que eu vou ter que fechar ela, porque se não eles podem ouvir.
-Então vá em frente.
Ele foi lá fechou e sentou embaixo dela no chão, pensando como dizer ou fazer.
-Eu não sei como dizer isso, é que é muito complicado e talvez você pode nunca mais querer olhar em mim.
Estava mais complicado do que eu imaginava, ele era tão lindo que mesmo aflito ele continuava maravilhoso.
-Pode falar, acho que estou preparada.
E enquanto ele pensava havia lembrado umas noites anteriores, acordei e vi o seu rosto no quarto, seu rosto e seu corpo, ele mesmo estava no meu quarto, mas isso era só um sonho e eu não tinha que me importar com isso. Fique esperando ele ter coragem para falar já que isso era tão importante para ele, porque não esperar e talvez fosse importante para mim também.
-É meio complicado se você não entender eu explico depois. Vamos dizer que eu tenho alguns poderes que ninguém nunca pensou que alguém fosse ter e esse alguém é seu vizinho- ele soltou uma risadinha, mas depois continuou- É o seguinte primeiro eu não durmo como todo mundo, eu não tenho esse dom de dormir então enquanto você dorme fico aqui te vigiando, ou melhor, vendo seu sono profundo e gostoso de olhar e também leio pensamentos só que nessa hora temos um pequeno problema, não consigo ler o seu pensamento, nem da sua mãe e muito menos do seu pai. Bom, essa é a minha história está assustada? Ah e tem mais uma coisa você é a única que sabe a não ser da minha família e não comente isso com ninguém muito menos com a Cris. Se ela souber ela pode me matar. – e soltou uma risadinha.
-Nossa, que história, bem que eu te achava muito esquisito. E o que o sol tem haver?
- Eu não posso ficar muito no sol, o máximo que posso ficar é de umas quatro horas por semana.
-Meu deus, você tem uma história e tanto, mas pode ter certeza que de mim não sai e eu fico muito, mas muito feliz de você ter contado para mim. É você é legal e... – pensei muito bem antes de falar, mas eu tinha que falar para ele saber que ele era um bom amigo que eu podia contar. – e você é um bom amigo, é bom saber que posso contar com você.
Quando eu acabava de falar, ele sentou do meu lado no sofá e foi chegando mais perto, achei normal.
- Ah, e você acha que eu contei isso para você só porque eu acho que você é só uma amiga?
-Claro, porque você contaria isso para mim, só porque eu sou sua única amiga na cidade, por enquanto, porque na hora que você começar a sair, irá arrumar muitos amigos, disso eu tenho certeza.
- Já que você acha isso, tudo bem.
E assim ele foi chegando mais perto e quando eu consegui raciocinar seus lábios estavam no meu e assim estávamos beijando. Quando ele se afastou tive que tomar um pouco de ar, porque não estava conseguindo respirar.
Ele olhou bem no meu olho e disse.
-Bom, temos que voltar lá para o churrasco porque se não daqui a pouco vamos ter que começar a explicar tudo o que aconteceu aqui e eu não estou nem um pouco com vontade, porque ninguém da minha família sabe sobre o que eu vim falar para você e eles estão muito desconfiados porque eu conto tudo o que eu vou fazer, menos isso que eu fiz hoje com você e o meu namoro com a Cristiane, porque eles gostavam muito da minha namorada quando eu estava namorando ela aqui. Então se eu contasse talvez eu nunca viesse aqui mais e eu gostava de vir aqui, por isso dei a idéia para o meu pai mudar para cá, ele queria sair lá de São Paulo e morar numa cidade pequena e daí surgiu a idéia de virmos para cá.
-Está, tudo bem... Vamos lá se não vai ser a mesma coisa comigo e a minha mãe.
Descemos as escadas e quando chegamos no quintal minha mãe já foi me puxando para ficar sabendo de tudo e como eu não podia e não queria. Tirei a mão dela do meu braço.
-Ai, mãe, agora não estou com vontade de falar sobre isso e já estou indo comer porque eu não comi até agora e depois vou dar um pulo na água, nossa, como esquentou de uma hora para a outra- quando acabei de falar, dei uma olhadela para o Caio e ele estava rindo e entendendo porque eu havia falado daquele jeito e depois ele piscou para mim e dei outra piscadela.
Não queria conversar mais com ninguém depois do que havia acontecido e apesar disso, parecia que todos queriam vir falar comigo. Quando consegui concluir isso fui desviando de todos a minha volta, desisti de pular na piscina e fui para o meu quarto na sacada, tudo estava muito calmo na rua e na cidade em si e não estava entendendo, porque todo sábado a cidade fica muito movimentada, parecendo àquelas cidades maiores como Ribeirão Preto, só que não chegava muito perto. Quando percebi tinha um braço em volta da minha cintura e não estava conseguindo adivinhar de quem era até que eu ouvi aquela voz suave que eu nunca ia confundir.
-Prefiro mais a vista da praia, com aquele por do sol, muito lindo, quando eu falo até parece que eu estou lá vendo, aqui também dá para ver um por do sol maravilhoso.
Eu não conseguia pensar em nada para falar e continuei a olhar aquele por do sol, era mesmo maravilhoso, ele tinha razão.
-Ei, não vai falar nada? Vai-me deixar ficar falando aqui sozinho?
-Claro que não, é que eu estou aqui pensando, nunca tinha reparado nesse por do sol até você falar nele. – eu não estava pensando em nada, mas era verdade o que eu tinha falado. – Até que ele é realmente muito lindo!
De repente, ele também parou de falar e ficou me observando eu observar aquele por do sol, mais maravilhoso que eu já tinha visto aqui na cidade.
Eu estava muito concentrada e assim ele começou a beijar a minha bochecha. E pulei de susto, o fazendoele rir de mim.
-Não é pra rir, eu estava toda concentrada aqui e você começa a me beijar do nada, já pensou se alguém visse, da sua família, ou a minha, ou talvez alguém na rua fosse contar e fazendo com que toda a cidade ficasse sabendo, aqui é desse jeito, você fica sabendo de uma coisa de repente toda a cidade está sabendo também, impressionante.
-Está tudo bem, não faço isso mais sem pedir sua permissão. – ele falava mais mesmo assim continuava rindo, ele conseguia ser chato de qualquer maneira.
-Sabia que você é muito chato?
-Já me disseram isso algumas vezes, e adivinha quem me falou isso, ex-namoradas.
-Nossa, e o pior é que elas estavam certas, apesar de não conhecer nenhuma delas, retirando uma que é a minha melhor amiga e que te odeia profundamente.

2º capitulo do meu livro

2. Tudo fora dos eixos


Quando fechei a porta, minha mãe já estava sentada na cadeira que ela amava desde quando eu tinha nascido e eu estava esperando ela começar a falar.
-Bom, então filha, eu te trouxe aqui para falar sobre essa amizade do seu pai com essa nova família da cidade. Não sei não, mas está muito esquisita essa amizade, parece que eles então escondendo alguma coisa- eu não estava entendendo nada o que a minha mãe estava querendo dizer – Você não acha?
É, concerteza minha mãe tinha trabalhado demais e não estava raciocinando muito bem.
-Mãe, você está bem? Não sei, mas isso não faz nenhum sentido, é sério, muito esquisito o que você está falando. Eu gosto quando o meu pai arruma novos amigos, eu não acho bom para mim, mas faz bem para uma pessoa da idade dele ter tantos amigos, por exemplo, a mãe da Cris não tem nenhum amigo...
Ela não meu deixou terminar e já interrompeu.
-Claro que ela tem amigos, eu sou amiga dela desde criança. – é verdade, mas com a correria do dia- a- dia, ela nunca ia lá visitar a sua amiga de infância.
-Então ta, mãe, mas o que tem de errado meu pai ter mais novos amigos, eu gosto quando meu pai está feliz e começa a rir do nada, por isso, eu também começo a rir do nada, você devia aprender as coisas boas da vida- e agora eu estava dando uma lição de moral na minha mãe, incrível, como o mundo está tão mudado atualmente.
E minha mãe levantou e veio na minha direção, e então pela primeira vez, eu pensei que ela ia mesmo me bater na adolescência.
-Filha, eu não me importo se o seu pai tenha novas amizades não é isso, é que...- e ela mesmo se interrompeu e então esperei ela terminar a falar.
- Aquela família é muito esquisita, você já reparou. Nunca vi ninguém sair daquela casa, ainda mais que eu mesma não fico em casa para ficar vigiando, mas toda vez que eu fico aqui ninguém sai de lá, é muito esquisito.
É, a minha mãe, também estava exagerando um pouco, mas no fundo ela tem um fundo de verdade. Desde aquele dia que eu conversei com o Caio eu nunca mais vi ninguém sair de lá, nem de carro nem a pé.
- Mas, mãe! Você também está querendo demais e ainda por cima fica vigiando quem sai e quem entra. Nem eu que tenho essa sacada que dá direto pra rua e de frente para a casa não fico vigiando eles e nem quero também! E como você fica vigiando eles, se você nem para em casa, só vem a noite e mesmo assim já é um pouco tarde, quero dizer, você chega nove horas da noite todos os dias, é claro que eles não vão sair esse horário de casa.- e agora, eu estava dando uma boa lição de moral na minha mãe e quando percebi tinha falado um pouco demais.- Vai me responder ou vai ficar me olhando com essa cara de espantada, até parece que nunca me viu.
Concerteza, eu nunca tinha falado assim com a minha mãe e de repente a minha atitude muda completamente.
-Nossa, filha, é desse jeito que você fala com a sua mãe?-eu tinha exagerado demais ao falar com a minha mãe daquele eu só precisava esperar ela parar de falar, para pedir desculpas, única e boa solução nesse exato momento- Só pra responder a sua pergunta, eu não fico vigiando ninguém não, eu só fico sabendo pelos outros vizinhos que eu encontro nas lojas do bairro quando vou fazer compras e além do mais a Maria me conta que nunca viu ninguém sair de casa, então os vizinhos começaram a fazer os mesmos comentários e então resolvi espiar de vez em quando.
Esse de vez em quando dela não me engana isso queria dizer que ela sempre estava espionando, mas eu não podia falar isso pra ela nesse momento, ela já estava chateada comigo por falar daquele jeito, ela só não queria admitir e também estava esperando as minhas desculpas.
-Ai, mãe, desculpas, ou melhor, mil desculpas, eu não sei o que aconteceu comigo eu comecei a falar e de repente eu estava falando daquele jeito sem perceber. Você me desculpa? Por favor?
Mais tudo bem, eu entendi o que você quis dizer e é verdade esses nossos vizinhos estão achando esquisito mesmo, porque eu estava observando um dia desses e todos os vizinhos que estavam na rua ficaram observando se alguém saia daquela casa só que ninguém saiu ai eles cansaram de esperar e foram embora, ainda bem,eu já estava ficando cansada de ficar observando esse bando de preguiçoso, que não tem nada para fazer, se é que você me entende.
Agora, era esperá-la me desculpar pra ela concordar comigo, falando que esse povo era um bando de sem nada para fazer.
-Tudo bem, filha, eu te desculpo, mas eu não quero saber mais disso aqui em casa está me ouvindo? Ou comigo ou com o seu pai, não quero mais. Mas eu também acho que esse povo é tudo preguiçoso, não faz nada, só fica fofocando sobre a vida dos outros.
E como eu havia pensado ela novamente concordou comigo nessa questão, uma de poucas às vezes.
-Como foi a viagem filha?- disse meu pai.
Eu não tinha percebido que ele estava bem atrás de mim mexendo no meu cabelo e colocando a mão no meu pescoço, tentando fazer massagem, só que ele era muito ruim nisso então na hora que eu percebi desistiu.
-Pai! Foi ótima! Nunca tinha acontecido aquela experiência comigo. Eu e a Cris já falamos que nós vamos de novo, ou melhor, o mais rápido possível.
-Ah, que bom filha! Que bom que gostou e vai sim, faz bem as mulheres. – nesse momento ele soltou uma gargalhada que eu nunca ouvira dele, minha mãe soltou um sorriso brilhante que eu também nunca ouvira.
- Mas então, sábado agora, eu e os nossos novos vizinhos vamos fazer um churrasco aqui em casa para comemorar a chegada deles à cidade. E eu vou te apresentar o filho deles, como prometido- eu não queria estragar a felicidade do meu pai, contando que já conhecerá o filho deles, então fiquei quieta e olhei para a minha mãe, ela estava com a cara suave, só que eu sabia que por dentro ela estava super furiosa.
-Claro pai, eu vou adorar e é bom, porque não tenho nada para fazer no sábado mesmo.
Bom, eu nunca tinha nada para fazer todos os dias durante as férias. E essa semana foi pior ainda, os dias passaram todos divagares. Como eu não tinha nada para fazer ia assistir TV, mexer no computador e talvez dormir mesmo, já que não havia mesmo nada para fazer. Nessa semana eu ligava para a Cris só que ela não atendia devia estar viajando, porque ela nunca sai de casa quando ela não está viajando.
Como toda semana, essa passou devagar mais passou e assim chegou sábado, dia do churrasco com os novos amigos do meu pai. Nessas férias eu não havia estado indisposta ainda e hoje eu estava e muito.
De repente a luz do meu quarto acendeu e eu não olhei para ver quem era porque meu olho mesmo fazendo força não abria.
-Você ainda está dormindo?- disse a Cris.
- Ah, não acredito Dona Cristiane. - ela odiava quando eu a chamava de “dona” – eu ainda estou com sono e ainda por cima indisposta.
-Tudo bem, mas eu odeio quando você me chama de “dona”, isso é muito chato sabia?
-Claro que eu sabia por isso que eu te chamei desse jeito. Mas, onde é que você esteve todos esses dias? Principalmente nessa semana? Bom, hoje eu não preciso de você apesar de...- parei de falar rapidamente, e tomara que ela não tenha percebido que eu parei de falar porque eu não queria dizer o que iria ocorrer hoje à noite.
-Apesar de? O que vai acontecer hoje ou ocorrer? E eu estive em Belo Horizonte, fui visitar meus avôs paternos, é que fazia quase nove meses que eu não os via.
-Ah, tudo bem. É bom sair daqui de vez em quando, faz tempo que eu não saio daqui, agora para eu viajar só em janeiro na praia, pelo menos é uma coisa boa. Mas, então essa semana não aconteceu nada e hoje irá ter um churrasco com os novos amigos do meu pai aqui em casa. E esses novos amigos dele são os nossos novos vizinhos e eu tenho que estar disposta para receber eles, porque eu prometi para o meu pai e ele vai me apresentar para eles. Apesar de eu conhecer o filho deles que chama Caio Pietro.
Agora, ela estava com a boca aberta surpreendentemente pasma, eu nunca havia visto ela daquele jeito.
-Você conhece o Caio Pietro?
Eu nem esperei ela terminar de perguntar e já fui perguntando.
-Tive uma ótima idéia, que tal você vir dormir aqui em casa, isso vai ser ótimo, aí eu não passo esse churrasco sozinha.
-Você não respondeu a minha pergunta- de repente ela estava toda furiosa e ainda falando alto e a voz rouca, parecia que tinha acabado de chorar.
-Falei com ele no último dia de aula eu o conheci. Ele bateu aqui em casa e ficamos conversando um pouco, mas esses poucos minutos foram bons, porque eu não havia nada para fazer.
-Então ta...eu venho dormir aqui na sua casa hoje, só para não te deixar sozinha, por isso que eu sou a sua melhor amiga! – ela era muito convencida, só que não adiantava falar mais nada para ela, porque ela sempre falava que não. – Eu venho aqui mais tarde vou deixar você se preparar para esse churrasco.
Ela não estava nem um pouco animada para esse churrasco da minha família, mas ela queria vir só para conhecer essa nova família que chegou à cidade.
- Tudo bem, eu vou te esperar e se você não puder vir me liga antes!
Eu tinha que falar isso se não eu estaria totalmente perdida nesse churrasco de amigos que eu nem conheço.
-Claro que eu venho, mas se eu não puder mesmo eu te ligo muito antes.
-Está bem.
E assim, ela saiu do quarto toda pensativa e nem olhou para trás pra falar tchau. E eu achei super esquisito, mesmo assim voltei a dormir porque eu não estava boa para ficar pensando nesse tipo de assunto.
Quando acordei novamente, eu tinha esquecido que a Cris tinha ido ao meu quarto e tinha ficado toda esquisita quando eu falei sobre o Caio Pietro. Mas isso não importava mais e era só esperar ela chegar aqui em casa à noite. Lembrei que estava um pouco tarde porque o sol já estava bastante alto. Levantei rapidamente e olhei no meu relógio e já era duas horas e cinqüenta minutos, eu estava pasma porque eu nunca tinha acordado tão tarde nas minhas férias até hoje, só porque eu estava indisposta e agora não estou mais. Quando desci para a cozinha minha mãe não estava mais só o meu pai.
-Oi, pai. Boa tarde, desculpa acordar tão tarde é que não estava tão disposta hoje.
Ele nem olhou para mim, continuo a fazer o arroz que estava fazendo.
-Oi, Duda. Boa tarde, não tem nada acordar mais tarde hoje é sábado então não tem problema.
-Cadê a mamãe? Eu não a vi aqui! – eu estava ficando um pouco preocupada, mas não eu não estava representando isso no meu rosto e ele também nem percebeu, estava muito concentrado cozinhando.
- Ela foi ao mercado comprar refrigerantes e cervejas, porque isso não pode faltar em um churrasco, não é mesmo? – agora ele havia olhado para mim rápido e voltado para a sua comida.
- Está bem, eu vou lá ver se a piscina está limpa, porque hoje está bastante quente então é bom nadar com um churrasco e avisa seus amigos para trazer roupas de banho, porque eles também vão querer nadar, mas não precisa avisar também se eles quiserem é só atravessar a rua e pegar! – nesse momento eu soltei uma gargalhada e meu pai também, nós dois começamos a rir, mas aí me lembre que eu tinha que limpar a piscina.
Nem tomei café da manhã, estava desanimada então resolvi ir para o quintal e olhar o céu, ele estava simplesmente lindo e limpo sem nuvens e estava muito calor. Fui ao armário pegar as coisas para limpar a piscina e quando estava voltando meu pai e minha mãe conversando só que eles não perceberam que eu estava ali.
-Quando eles vão chegar?
-Calma Anna, eles vão chegar a partir das duas horas da tarde!- meu pai estava simplesmente calmo e como sempre bebendo uma cerveja, que ele nunca largava em um dia de churrasco com os amigos, sendo novos ou não.
-Ai, Roberto! Você nem para falar que horas que eles vão chegar, eu precisava saber um dia antes para poder me arrumar e fazer compras, comprar roupas de banho! – minha mãe adorava fazer compras, gastar dinheiros, independendo do que ela fosse comprar. - Mas, tudo bem, eu tenho umas roupas de banho mais novas, que eu comprei há umas semanas atrás.
-Ah, então porque você está tão preocupada- meu pai continuava calmo, mas não olhava mais para a minha mãe. – Duda, você está aí? Não sabia!
-É pai, estou aqui, vim pegar os materiais para limpar a piscina, não posso deixar ela desce jeito, está totalmente suja e já que a gente vai nadar tenho que limpar, já que vocês estão ocupados com outras coisas.
Quando acabei de falar eu soltei uma risadinha, porque eu era uma filha excelente e pensando isso eu estava sendo convencida.
-Ah, então vá limpar logo, porque já é uma hora e eles vão chegar duas horas, você só tem uma hora para limpar essa piscina toda. – meu pai agora estava voltando para a cozinha, para pegar mais cerveja.
-Está bom! Eu já ia limpar só que vocês estavam conversando eu não queria intrometer limpando a piscina, limpar isso eu faço em meia hora, é rapidinho.
Agora, eu não falava mais com eles, estava indo para a piscina para ter mais tempo para limpar e só a minha mãe continuava ali parada sem se mexer perdida em pensamentos eu poderia adivinhar o que ela estaria pensando. Os pensamentos dela deveria ser sobre os novos amigos do meu pai que ela não estava muita a vontade com eles por enquanto, porque ela sempre ficava desse jeito quando meu pai arruma novos amigos, mas depois ela também virava amiga deles e sempre esquecia que ela não gostava deles no começo.
Enquanto eu pensava sobre a minha mãe, nem tinha percebido que eu já estava no meio da piscina limpando. E eu acabara de esquecer que a Cris iria dormir aqui em casa e não tinha avisado a minha mãe ainda.
-Mãe! Mãe! Dona Anna! – para ela acordar dos seus pensamentos profundos só a chamando pelo próprio nome.
-Que foi Duda?! – agora ela estava brava porque eu tinha atrapalhado os seus pensamentos.
- É que a Cris vai dormir aqui hoje, tudo bem? Eu que chamei não foi ela que se colocou para dormir, é que eu não quero ficar sozinha nesse churrasco, porque eu não conheço ninguém e tendo ela para eu conversar já irá ser muito melhor.
Ela agora estava prestando bastante atenção no que eu estava fazendo porque eu não estava então ela estaria olhando o que eu faria depois daquilo.
-Tudo bem! E eu também devia ter feito isso, chamado a Lúcia, faz tanto tempo que nós não conversamos temos muitas coisas para colocar em dia. – minha mãe quando queria disfarçar, ela sempre colocava a mãe da Cris no meio da conversa. Só que eu sempre sabia quando ela não queria estar aqui no momento exato, mas era sempre assim nos churrascos dos novos amigos do meu pai.
Só que ela nem tinha esperado eu responder e saiu para poder trocar de roupa eu acho. Continuei a limpar a piscina e depois de meia- hora eu tinha acabado de limpar como eu disse.
Guardei as coisas no armário e subi no meu quarto para poder trocar de roupa. Chegando lá sai na sacada e percebi que o Caio estava sentado na calçada, pelo jeito não estava com roupa de banho, e isso não fazia sentido porque só faltavam dez minutos para as duas horas, então resolvi perguntar se ele ia vir e se meu pai tinha avisado a família dele que nós iríamos nadar como amigos de muitos anos.
-Caio, Caio, Caio, Caio! – eu estava aprontando um escândalo, só que meu pai não poderia ver que eu estava gritando o filho do novo amigo dele, se não ele falaria que eu estava mentindo.
-Oi,Duda! – ele falava um pouco alto da última vez que eu falara com ele. – Tudo bom?
-Por favor, dá para falar um pouco mais baixo não quero que ninguém veja eu falando com você.
-Porque, algum problema contra mim?- ele estava falando sussurrando, mas dava para mim ouvir perfeitamente e a perfeição dele tinha acabado ele estava preocupado.
-Não é nada contra você não. O único problema é que eu não disse para o meu pai que eu já o conhecia, ele está ciente que eu vou te conhecer hoje no churrasco, por enquanto ele não faz nem idéia que a gente já se conversou. Bom, mas não é isso que eu quero falar com você, é que eu queria saber se você não vem?
Ele não estava entendendo a minha pergunta ou talvez porque eu estava perguntando aquilo.
-Claro que eu vou, meu pai não me deixaria aqui em casa, ele quer me apresentar a você e a sua família. – agora ele estava totalmente relaxado na calçada, como se fosse o seu quarto.
-E mais uma pergunta, meu pai avisou que nós vamos nadar aqui em casa, é que não parece que você está pronto, o que eu quero dizer é que não parece que você está com roupa de banho.
-Seu pai avisou sim, é que eu estava tomando um pouco de ar, mas já estava indo lá trocar bem na hora que você me chamou.
-Ah então está. Bom, agora eu vou fechar aqui porque eu vou trocar de roupa. Vejo você aqui em casa daqui a pouco, porque já são duas horas. – abri um enorme sorriso e ele compreendeu e também deu um.
-Tudo bem, também vou lá me trocar, até daqui a pouco ai.
Fechei a porta da sacada e abri meu guarda roupa para achar meu melhor biquíni, o mais novo que eu comparara na última viagem a Ribeirão Preto, porque eu tinha comprado um lá que simplesmente eu tinha me apaixonado. Coloquei- o e desci, quando cheguei a sala, a Cris estava toda pensativa, igual quando ela foi me acordar hoje cedo.

1º capitulo do meu livro

1. O dia


Último dia de aula, não estava nem um pouco animada para levantar e ir para a escola, apesar de gostar um pouco de estudar. Já que é a única coisa que faço no dia, então, desci e minha mãe e meu pai estavam na mesa tomando café discutindo sobre a empresa deles.
-Mas eu já te disse, nós devemos ir cobrar as contas que os fregueses não pagaram ainda.
-Eu sei, mas quem vai fazer isso?-meu pai sempre era frio quando minha mãe começava a falar sobre esse assunto- Ah filha você está aí ?
-É acabei de chegar. Mas hoje eu to atrasada não vai dar pra tomar café com vocês hoje.
-Tudo bem filha, pode ir. – a gente já tava saindo mesmo, hoje à empresa vai abrir mais cedo. Minha mãe sempre se mostrava brava quando eu não tomava café com ela, mas eu não me preocupava mais com isso, era sempre assim, quase todos os dias que eu acordava atrasada.
-Tá. Então já estou indo. Pai pode pegar o Gol hoje? É que , lembra você deixou no último dia eu pegar ele.
-Tudo bem. Pode pegar sim. Então vai se não você vai chegar atrasada.
Sai de casa como um fuso, estava mais atrasada que antes. Cheguei na escola e quase todos os alunos já tinham entrado, menos é claro os meus amigos me esperando. Quando tinha acabado de estacionar o carro, ouvi alguém me chamando.
- Duda, Duda, Duda! Menina, você esqueceu o horário da aula ?
Claro só podia ser a Cris me chamando. Ela nunca ia pra aula sem eu, sempre ficava me esperando para ir para a aula, quando eu chegava atrasada sempre com a mesma fala.
-Ai, Cris hoje acordei indisposta. - disse com a menor vontade de conversar.
- Você? Indisposta? Isso nunca ocorreu, o que aconteceu?- o olho dela brilhava de fúria, sem saber o que tinha ocorrido- Pode me dizer agora o que você fez.
-Calma Cris. Eu não fiz nada, é que acordei pensando que eu não teria mais nada para fazer nessas férias, porque tudo o que eu faço nos dias normais é vir para escola, agora com as férias não vou ter mais nada para fazer, a não ser ficar em casa assistindo TV ou mexendo naquele lerdo do meu computador.
-Tá, deixa de ficar se lamentando ai, e vamos para a aula, antes que o Sr. Paulo desconfie que a gente chegou atrasada novamente na aula dele.
Eu entendia perfeitamente porque a Cris estava falando daquele jeito, nesse semestre já era 5ª vez que nós duas chegávamos atrasada na aula dele.
Chegando lá, nossos lugares estavam vazios, como sempre, e o Sr. Paulo não tinha chegado ainda, para a nossa sorte. Só que quando acabei de sentar, alguém me cutucou e eu olhei para trás.
-Duda, você fez a lição da aula de física? – Marcos me perguntou com um sentimento de desprezo.
Também depois do fora que eu tinha dado nele no domingo não poderia ser diferente, mais ao mesmo tempo em que eu dei o fora nele, tive um pouco de dó também.
-Claro Marcos. – não fiz questão de devolver o desprezo- Porque você não conseguiu fazer?
-Não foi isso que aconteceu, é que a minha irmã mais nova, pegou a página que eu tinha feito o exercício e rasgou em cinco partes e não deu tempo de fazer de novo, porque já tava na hora de eu vir pra cá. – nesse momento ele olhava profundamente nos meus olhos- Mais será que a D. Mariza vai perceber que eu não fiz, não vai dar tempo de fazer aqui - enquanto ele terminava de falar o Sr. Paulo entrou na sala, pedindo para todos virarem para frente e pegarem o livro- Bom, então deixa né? Eu falo para a D. Mariza do ocorrido.
-Maria Eduarda, Marcos e Cristiane, eu já pedir para virarem para frente, por favor, compreendem.
-Claro Sr.Paulo.
Enquanto o Sr.Paulo falava sobre Romeu e Julieta, eu estava pensando no que eu ia fazer nessas férias, já que meus pais não iam viajar por causa da empresa que estava vendendo bastante produtos e eles não estavam pensando abandonar ela, como eles dizem. Mas de repente, fui interrompida dos meus pensamentos, por alguém me cochichar no meu ouvido.
-Duda, você viu a novela de ontem? – claro que era a Cris falando isso, ela não perdia um capítulo da nova novela- Aquele ator, novo que acabou de entrar na novela é simplesmente lindo, então você viu?
-Não deu para mim ver, eu tava lendo O Morro dos Ventos Uivantes- olhei para ela, com o sentindo de culpa.
-Ah não Duda, esse livro é mais velho que a minha avó e você já leu ele muitas vezes, precisa parar de ler e começar a assistir tv
O ator é jovem, loiro, com olhos azuis, não tenho mais nada para falar, ele é simplesmente perfeito parece um deus-grego.
-Ah que legal. Hoje eu acabo de ler meu livro e vejo esse seu “deus-grego”-falei com ironia.
-Muito engraçadinha você.
Mas eu parei de falar e comecei a prestar atenção pela primeira vez na aula do Sr. Paulo, como eu já tinha lido Romeu e Julieta muitas vezes e os comentários do Sr. Paulo, não me interessavam mais.
De repente, o sinal tocou e eu tinha percebido como a aula tinha passado rápido demais. Não foi só a aula, mais a manhã inteira tinha passado rápido. Estava saindo da escola, quando a Cris me parou, ela estava toda séria e morrendo de raiva.
-Duda...o Thiago acabou de me dizer que estava me traindo esse tempo todo que nós estávamos juntos, não acredito nisso- quando percebi ela estava chorando e molhando todos os seus cadernos e presente que ela tinha ganhado dos amigos, inclusive o meu- aquele menino me paga por tudo que ele fez comigo, nunca mais me faça ver ele de novo, pode ser? Mais então eu estava pensando de ir fazer compras lá em Ribeirão, que tal? Você poderia ir dirigindo, já que você já é bastante acostumada, pelo menos, mais que eu.- ela agora tinha acabado de limpar as lágrimas e estava com o sorriso mais forçado que ela podia fazer- Vai diz que sim, não estou com a mínima vontade de ficar aqui, nessa cidade pacata.
-Vou pensar, mais que dia você estava pensando em ir, é que dependendo do dia, eu quero ir visitar a minha avó, lembra que ela mora em Campinas? Então to pensando em ir lá...mas fora isso acho que levo você lá sim.
-Ai, isso era tudo que eu precisava ouvir hoje, então ta vou ver com a minha mãe que dia eu posso ir e depois te ligo. Nossa olha a hora, se eu chegar atrasada mais uma vez em casa, minha mãe me mata mesmo. Beijo amiga, depois te ligo.
-Vai lá, não quero ir no enterro de nenhuma amiga, tá? Beijo...
Enquanto ela ia pro carro dela, eu tinha percebido que estava parada no meio do estacionamento do colégio. Só que eu percebi também que não estava nem aí, eu estava preocupada era que eu nunca iria arrumar um namorado adequado a minha postura? Ninguém dessa cidade era adequado e eu tinha desistido de procurar também, por isso, não saia mais de casa, era muito chato, para encontrar meus amigos, eu mesma iria a casa deles ou telefonava, não precisava sair para encontrar eles. Então, desisti de pensa nesse assunto, e fui para o meu Gol, que meu pai tinha emprestado hoje de manhã, abri a porta do carro com o maior desânimo, entrei lá dentro e percebi que tinha um papel no vidro, sai do carro e peguei o papel que estava escrito:
“Não percam a inauguração da nova loja da cidade a Projeto e Estilo, todos os tipos de móveis e projetos para a sua casa. Aproveitem a promoção de inauguração e junto com as promoções de fim de ano. Nessa segunda, a partir das 08h00min.”
Não tinha ficado sabendo que ia abrir uma loja nova na cidade, então peguei o carro e fui para a empresa do meu pai, já que eu sabia que eles não tinham ido para casa almoçar, tinham almoçado lá mesmo. Chegando lá, todos estranharam a minha visita, principalmente meu pai, já que era a segunda vez que eu tinha ido lá.
-Filha, que surpresa! – a alegria tomou conta do seu rosto- Não esperava uma visita sua hoje aqui, pensei que tinha ido para casa almoçar, porque veio para cá?
-Ai, pai desculpa, atrapalhar seu trabalho pra minha visitinha sem hora marcada- agora sim, eu me sentia totalmente culpada pelo que eu tinha feito, não era nada urgente e estava atrapalhando a vida de todos aqui na empresa- Deixa, pai, falo com você em casa, já estou indo.
-Não, Duda, pode me falar, vamos pra minha sala, você nem a conhece, eu mudei de novo. – ele sempre mudava a sala dele, todo mês, ele chegava em casa me contando que tinha mudado a sala, era interessante saber que ele gostava de fazer isso.
Enquanto eu o seguia, eu estava prestando bastante atenção ao redor, nunca tinha reparado como as pessoas trabalhavam sorrindo, todos conversavam, a alegria tomava conta de todos os lugares por onde nós passávamos isso me deixou constrangida. Eu nunca tinha imaginado o que era felicidade e eu estava descobrindo ela hoje, em volta das pessoas, nunca tinha visto aqueles rostos, mas para mim isso não me importava, porque o que eu queria era saber como sorrir daquela maneira, eu também gostaria de ter aquela felicidade todos os dias das minhas férias, porque tudo aquilo me fazia sentir mais perto da humanidade, mais perto dos seres humanos.
-Então, filha você queria falar comigo?
Acenti com a cabeça.
-Bom, então entra ai, essa é a minha sala.- o sorriso tomou conta do seu rosto. – E aí, gostou?
É, a sala dele era simplesmente incrível, lá dentro tinha uma mesa, cheia de papel, a cadeira que ele não largava, na frente da mesa, duas cadeiras com almofadas, e um sofá com uma televisão na parede, claro, ele não perderia uma parte de seus jogos preferidos.
-Vamos, filha, o que você queria me falar mesmo?- nesse exato momento ele estava bravo de novo e totalmente sério.
-Bom, pai, hoje quando eu estava entrando no carro, vi esse papel aqui. Falando dessa nova loja que vai abrir, e como você sabe sobre as minhas curiosidades, queria saber quem vai abrir essa loja, porque não tem ninguém com dinheiro total para fazer uma loja desse tamanho.
-Ah, eu devia ter imaginado que você tinha vindo aqui para perguntar isso- ele não estava mais bravo, estava sorrindo. - Bom, respondendo a sua pergunta, eles são novos aqui na cidade e possuem redes dessas lojas, pode perceber que a propaganda passa na televisão sobre essas lojas. Eles queriam morar numa cidade pequena então resolveram morar aqui, já que conheciam muito bem a cidade, porque o dono dela já havia morado aqui quando era criança e sempre gostou só que os pais mudaram para São Paulo e nunca mais vieram aqui. Mas agora eles estão de volta, e abriram uma loja e estão pensando em fazer dela a base de todas as lojas. Mas, ainda eles não mudaram e quando mudarem eu prometo que apresento a família inteira pra você. Concerteza eles estarão mudando nesse final de semana.
-Muito obrigada pai, pelas informações, mas agora tenho que ir para casa, não quero mais interromper o seu trabalho. - Agora eu me sentia aliviada, por saber de tudo e ansiosa também para conhecer essa nova família, lógico, eu adorava conhecer pessoas novas.
Cheguei em casa, tinha que arrumar meu almoço ainda, mas não estava nem um pouco animada para fazer isso. Deitei no sofá e liguei a televisão e a surpresa aconteceu, estava passando Romeu e Julieta. Como eu não tinha reparado nisso ainda, claro, primeira vez que eu estava assistindo algum programa nessa televisão.
Estava totalmente entretida com o filme, que me assustei com a campainha tocando. Pulei do sofá e fui abrir a porta, nunca ninguém tocava essa campainha nesse horário, quem seria? Ainda mais num dia de chuva, a cidade inteira estaria ou no trabalho ou em casa.
Quando abri a porta, um homem alto, com seus 1,80m, pele muito branca, seus olhos azuis, cabelo desarrumado, calça jeans e blusa listrada.
-Posso ajudar? – a cara dele era de alegria total, o que ele estava achando de legal aqui? Uma menina frustrada que só ficava dentro de casa, e que acabara de chegar em casa e nem tinha almoçado ainda.
-É que eu sou novo nessa cidade, a minha casa é essa aqui do lado, eu e minha família acabamos de mudar, sabe como é? Meu pai é dono daquela nova loja que vai abrir aqui Projeto e Estilo, ouviu falar?- eu estava paralisada em frente a um cara enorme e que ainda era dono da maior rede de lojas que eu já tinha ouvido falar em toda a minha vida, e pra piorar a situação ele vai ser meu vizinho- Bom, está tudo bem aí com você, parece que não está respirando direito, está passando mal? Posso ajudar em alguma coisa?
Com esse tanto de pergunta não tinha como não voltar para a realidade.
-Não está tudo bem, só senti um pouco de falta de ar. – Ta um pouco não foi, eu realmente tinha parado de respirar, mas agora eu estava normal como sempre.- Bom, em que eu posso ajudar?
Ele agora tinha virado o rosto para a sua casa e deveria estar pensando no que responder, e claramente a alegria acabara de tomar conta de seus olhos.
-Pra começar gostaria de saber o seu nome- Claro, como sempre eu tinha esquecido de me apresentar- O meu é Caio Pietro.
-Ah, o meu é Maria Eduarda Pettler, mas pode me chamar só de Duda, como todos aqui, menos minha mãe- Ah, eu sempre falava demais quando ficava nervosa.
-Ué, porque ela não te chama de Duda, é tão bonito- os olhos dele brilhavam- Ah, já ia me esquecendo, meu pai e seu pai, ficaram conversando por 1 hora e já são amigos, incrível, mas eles resolveram de fazer uma festa com a nossa chegada- agora tudo fazia sentido, por isso meu pai falou que eu ia conhecer todos, uma festa seria ideal, cara do meu pai mesmo.
-Meu pai é dono de virar amigo de todo mundo, por isso resolveu vir para uma cidade pequena, para conhecer todos. – nesse exato momento estava passando uma família na rua que achou totalmente esquisito eu na rua- Mais vai ser legal ir numa festa do meu pai, já que é férias não vai ter nada para fazer. – nem o conhecia e já estava contando tudo. – Agora que percebi, tenho que almoçar. – é lógico que eu não queria ir almoçar mas o modo como aquela família tinha olhado pra mim não era nada normal.
-Mas, por quê? Almoçar assim de repente. Ah, já sei, foi por causa daquelas pessoas, né? Por que elas olharam daquele modo para você?- agora ele estava intrigado com aquelas pessoas.
-É que você não entende, eu não sou acostumada a receber ninguém, eu só fico dentro de casa o dia inteiro, só saio para ir à escola, eu sou totalmente caseira, se você me entende. - é agora eu estava contando tudo da minha vida a um desconhecido.
-Acho que dá para entender. Mas eu vou ter que ir, ajudar meu pai, arrumar a loja para a inauguração da nossa loja.
-Claro. – quando o respondi já estava atravessando a rua e virando para dar um tchauzinho, normalmente eu não retribuo, mas alguma coisa me incomodou e dei um sorriso.
Fechei a porta e subi as escadas como um fuso e percebi que a televisão estava passando Romeu e Julieta ainda, eu tinha esquecido que estava assistindo novamente esse filme. Precisava de novos filmes ou talvez sair de casa, ficar aqui dentro estava me incomodando, então resolvi ligar para a Cris. Ela atendeu o mais rápido possível, eu só tinha chamando uma vez.
-Amiga. O que aconteceu? Você nunca me ligou. – a voz dela era de preocupação, ela não precisava disso, eu sabia.
-Calma Cris. Não aconteceu nada, eu só não quero ficar dentro de casa, ta muito chato por aqui, ta passando na televisão Romeu e Julieta de novo e não to com vontade de acabar de ler o meu livro. Cansei disso tudo. – nessa hora eu estava achando que quem estava falando isso não era eu, de jeito nenhum, eu nunca ia falar isso para a Cris. É concerteza não era eu, talvez alguma coisa de mim não estivéssemos mais suportando essa vida pacata e chata. – Você acha que dá para ir para Ribeirão agora? To meio que precisando.
-Olha, eu não tenho nada em mente ainda, mas concerteza, a gente vai sim, eu só vou precisar passar lá no trabalho da minha mãe, só para avisar, sabe como são as mães.- é concerteza, a mãe dela era incrível, a menina tinha 18 anos e ela ainda pedia para mãe se podia ir na vizinha, mãe-coruja é sempre mãe-coruja.- Tudo bem, para você?
-Tudo bem sim. Então vamos passar lá no emprego da sua mãe e depois passamos lá na empresa do meu pai. – Eu também teria que avisar meus pais onde eu tinha ido, afinal não era todo dia que eu resolvia sair de casa assim. – Eu também tenho que avisar eles.
Eu só precisava de dinheiro, mas não tinha o suficiente para fazer compras em shopping, mas, não como a primeira vez para pedir para o meu pai me dar um pouco de dinheiro para gastar em shoppings e roupas, a melhor coisa de qualquer pessoa, ou melhor, de qualquer mulher.
Mesmo estando concentrada na minha pequena viagem até Ribeirão Preto, não conseguia tirar da cabeça a festa que meu pai daria naquele final de semana, e ainda, ele não tinha contado nada para mim sobre isso, eu tinha ficado sabendo pela boca do povo. Meu pai nunca foi de fazer isso e fez... Uma coisa imperdoável.
Mas, eu também precisava esquecer isso e ligar para o meu pai pedindo dinheiro. Fui à minha sacada, que ficava para a rua e de frente para a minha casa tinha a casa da nova família da minha cidade onde o Caio morava, e como eu não queria lembrar, lembrei que eu tinha conversado com ele hoje mais cedo, isso me perturbou um pouco, mas me lembrei que eu estava ligando para meu pai e me concentrei para não deixar meu pai falando sozinho.
-O que foi filha? Aconteceu alguma coisa? – ele já estava preocupado, porque era a primeira vez que eu ligava para o seu trabalho- vai me responde logo, não, eu estou indo aí agora.
É, ele estava preocupado até demais comigo, não precisava disso tudo, porque não estava acontecendo nada demais, eu só precisava de dinheiro para ir no shopping.
-Calma, pai. Não aconteceu nada eu só estou ligando para pedir um negócio- bom, negócio não era, o que eu queria mesmo era dinheiro.- Ta, deixa eu falar logo, antes que eu me atrase, eu e a Cris resolvemos ir para Ribeirão no shopping, distrair um pouco e comemorar as férias, só que tem um pequeno problema, eu estava vendo as minhas reservas e só tem um pouco, só dá para pagar o pedágio e mais nada- agora sim, eu estava falando demais e acabando com os meus créditos que já estavam no fim- então eu queria que você me desse dinheiro para comprar roupas para mim? Você me dá?
Meu pai não me deixou nem terminar para responder a minha pergunta.
-Claro Duda. Eu até pensei que você nunca ia me pedir. Agora sim você está se comportando como uma filha de um empresário, gastadeira. – não gostei como ele tinha me apelidado- mas também não quero que isso se torne um hábito, ta?
- Pai, gastadeira? Da onde você tirou isso? Nossa, é a primeira vez que eu peço dinheiro e você já vai me falando isso. – agora sim, eu estava totalmente decepcionada com o meu pai- E não se preocupe porque isso não vai se tornar um hábito, é só hoje que vou pedir e nunca mais, prometo.
Ele parou para pensar um pouco e deu para perceber que ele estava se sentindo culpado pelas palavras que tinha dito antes.
-Duda, me desculpe. Eu só estava brincando com você, eu quero que você sempre peça para mim tudo o que precisar e além disso os créditos do seu celular estão acabando, como você não tem dinheiro vai ter que pedir de novo para mim e isso é bom- agora ele estava pensando antes de falar qualquer coisa para mim- sempre que precisar pode pedir que eu vou ter a maior satisfação de te dar, nunca vou negar em nada. – sim, ele estava sendo sincero.
- Não pai, tudo bem, é que não gostei de como você me chamou, só isso. E como você sabe que os créditos do meu celular estão acabando?- é claro que ele tinha usado, mas mesmo assim eu queria saber, queria o ouvir falando. – Mas, então eu vou aí pegar o dinheiro na empresa ta?
Ele pensou por um segundo antes de responder as duas perguntas que eu tinha feito de uma só vez.
-É que tive que pegar seu celular emprestado e gastei os seus créditos e só deixei um resto, que deve estar acabando daqui a pouco. Acho melhor você desligar- é ele tinha razão, já estava no final e também estava apitando a minha bateria que estava acabando. Que ótimo, agora eu teria que pegar outro celular com outro chip e ninguém saberia esse numero, tudo está ficando complicado- Pode vir aqui na empresa, vou esperar. Tchau.
Ele nem me deixou responder e já tinha desligado. Mas eu não podia me preocupar com isso, tinha que colocar meu celular para carregar o máximo possível de tempo, enquanto eu arrumo as coisas. Quando eu acabava de sair da sacada, escuto alguém me gritando.
- Duda, Duda, Dudaaa. Espere, preciso te perguntar uma coisa.
Só podia ser o Caio, ele é o único que me gritaria no meio da rua, porque era o único que tinha coragem para fazer isso.
-Menino, ta ficando doido? Para que sair no meio da rua me gritando- é ele não precisava disso- mais fala o que você quer.
Ele parou e ficou pensando no que eu tinha dito surpreso com a minha resposta. Pensando bem, eu tinha exagerado na minha resposta.
- Eu ouvi você falando com o seu pai, vai mesmo pra Ribeirão hoje? – os olhos dele brilhavam, enquanto falava isso me deixava maravilhada com a beleza deles.
-É eu vou sim, por quê?
- É que eu não conheço essa cidade e parece que tem shopping, eu amo shopping, e tenho que comprar umas coisas que aqui não tem você vai sozinho?
Ele já estava ficando oferecido demais, não estava gostando disso.
- Não vou sozinha não, vou com uma amiga minha. A gente vai fazer umas compras, nada demais. – é claro, eu estava tentando fazer ele não ir.
-Ah, legal. Mas só uma pergunta?
Que estranho, pergunta? Sobre o que?
- Pode falar. – eu estava achando tudo isso muito esquisito.
- Lá faz muito, muito, muito sol?
Nossa,mas isso não é pergunta que se faça. Mas que é esquisito isso é.
-Claro que faz sol, isso é o que mais faz lá.
Ele pensou antes de responder, enfim disse.
-Ah não, acho melhor não. Lembrei tenho que arrumar umas coisas lá na loja.
Ta bom, isso ta ficando muito esquisito, de repente assim, ele tinha acabado de decidir que iria e agora não iria mais.
-Então, ta. Quando quiser ir e eu for só avisar!- é eu tinha que ser gentil e educada, afinal agora nossos pais era amigos e não se desgrudavam, isso dava para saber.- Bom, agora tenho que ir arrumar as minhas coisas. Tchau...
Não esperei ele me responder de volta e entrei no meu quarto pegando a minha bolsa, com carteira e tirando meu celular da tomada. Tinha que pegar a Cris na casa dela, concerteza ela já estaria na porta me esperando. Entrei na garagem, e peguei o Gol do meu pai, afinal eu poderia pegar, era o último dia de aula ainda.
Eu estava chegando à casa da Cris, e como eu tinha dito, ela já estava me esperando, quando parei o carro ela abriu a porta antes que eu desligasse o motor.
-Desculpe, a demora. Um vizinho novo me parou para perguntar se eu ia para Ribeirão Preto, acho que ele queria ir também, mas depois me perguntou se lá fazia muito calor ai respondi que sim, então ele resolveu que não iria. – é, tudo muito esquisito mesmo, principalmente esse menino.
-Ah, não tudo bem, não faz muito tempo que estou aqui, acabei de chegar. Nossa, mas que menino esquisito, vizinho? Não sabia que você tinha vizinho. – agora ela estava tensa com a história do Caio.- Porque você não me conta nada mais?
Novamente ela continuava tensa, e esquisita, eu não estava entendendo essa preocupação toda dela.
-É, um vizinho novo. Ele se chama Caio, sabe aquela nova loja que vai abrir “Projeto e Estilo”, então o pai dele é o dono. – agora só faltava ela não saber que ia abrir uma nova loja aqui na cidade, como sempre ocorria. - e ele está morando em frente a minha casa. A construção é nova, você não vai se lembrar dela, faz tempo que você não vai lá.
-Concordo, mas então a gente vai ou vamos ficar aqui parada olhando uma para a cara da outra. – agora ela estava com um sorriso esplendido no rosto, nunca tinha percebido como o sorriso dela era bonito e contagiante, logo eu estava sorrindo também. – ah, a gente precisa passar para avisar a minha mãe, não esquece.
Como ela não se esquecia disso, ela já havia me falado antes no telefone.
-Claro, a gente vai passar lá sim e eu também vou ter que passar na empresa do meu pai, para pegar dinheiro, minhas economias esgotaram. – abri um enorme sorriso, tentando alegrar o meu dia- e também avisar ele direitinho, só avisei por telefone mas não expliquei tudo o que devia- agora sim, eu não estava entendendo o que eu estava falando, eu já havia falado tudo para o meu pai, o que mais eu teria que falar para ele?- então vamos, senão vamos chegar aqui muito tarde.
Enquanto nós entravamos no carro, eu imaginava o que eu não tinha falado para o meu pai. Claro, ele não tinha me contado da festa que ele ia fazer nem da nova amizade que ele tinha com a família Pietro, era isso o que eu tinha que falar com ele. Enquanto eu pensava a Cris mudava a estação da rádio para a Jovem Pan, eu não gostava de coisa muito agitada, mas não ia brigar com a minha amiga por causa da estação de radio que ela colocara.
Chegamos rápido a Ribeirão nem eu tinha percebido que já tínhamos chegado, fomos ao centro da cidade, muitos carros, muitas buzinas, muitos semáforos- eu estava horrorizada com tanto trânsito, nem Campinas estava daquele jeito e Ribeirão já estava, um absurdo ocorrendo atrás do outro.
Para chegar ao shopping até que foi rápido, a Cris falava, mas eu dava de ombros, não queria a ouvir falar do Victor, estava totalmente cansada. Entramos no shopping pela Riachuelo, péssima loja para entrar, gastamos demais, foram sapatos, blusas, vestidos coloridos- cada um mais lindo que o outro- vestidos normais, shorts brancos e jeans, ah e muitas calças jeans.
Eu estava totalmente distraída quando a Cris me puxou pro lado olhou bem no meu olho e falou profundamente.
- Nada mais importa o que realmente ta importando hoje é a nossa amizade- ela estava cheia de lágrimas nos olhos, mas eu não estava entendendo mais nada- promete isso que eu falei?
A frase eu tinha achado totalmente lida, iria até colocar na frase do meu MSN, mas o que ela estava dizendo não fazia mais nenhum sentido.
-Nossa realmente você falou bonito agora, nunca tinha reparado que você criava frases desse nível, mas prometer eu prometo sim, mas sinceramente eu não estou entendendo nada e você poderia me explicar? – eu estava horrorizada com a situação desde aquela hora da loja ela estava esquisita, não falava mais e andava calada olhando para o chão fixamente, ela nunca tinha feito isso comigo, então eu estava achando mesmo esquisito isso tudo.
-Eu explico sim, é o seguinte, se acontecer alguma coisa comigo ou algo desse jeito quero que você saiba que a sua amizade é tudo para mim nessas férias ou em qualquer tempo, então eu queria agradecer- era lógico que estava acontecendo alguma coisa, mas ela não queria me contar sobre isso- Obrigado por tudo que você fez pra mim e que ainda vai fazer- bom, se ela estava falando daquele jeito então, eu ainda iria fazer alguma coisa por ela. – mas, então vamos esquecer essa minha faze de sentimentalismo e vamos às compras.
Fomos para a Saraiva, adoro ir lá, gosto muito de ler e gostaria de ver as últimas novidades do mercado, para ver se interessaria, vi muitos livros da Stephanie Mayer, chamado “A hospedeira”, adorei é ficção cientifica, e também já tinha lido os outros livros da Stephanie, a coleção Crepúsculo que eu tinha em casa e já tinha lido duas vezes os quatro livros, eu amava muito e todo lançamento dos filmes eu ia, lógico, a Cris ia comigo ela também amava os livros. Éramos duas fãs malucas, as mais malucas por esses livros em toda a cidade, porque lá ninguém curtia esse tipo de série, que continha vampiros, lobisomens e romance. Sabíamos que éramos as mais doidas porque Itamogi era muito pequena e todo mundo sabia o gosto de todo mundo.
-Cris, que tal? É da Stephanie, só que é ficção cientifica com romance, ai vou levar, to sem nada para ler e ela lançou não faz muita tempo. – concerteza, eu estava amando, fazer compras, eu nunca tinha feito isso com tanta felicidade, vou começar a me acostumar.
Ela estava totalmente distraída, e deu de ombros o que eu acabara de falar, também não liguei muito, eu já tinha certeza que iria levar.
Cheguei para pagar meu livro, na hora que a atendente viu, ela começou a rir do nada, não achei estranho, estava acostumada com esse tipo de coisa, não sei por quê.
Depois de gastarmos todos os nossos dinheiros, fomos embora, a viagem de volta foi mais demorada do que eu pensava, fiquei dirigindo como se eu nunca chegasse.
Levei a Cris até a casa dela e quando cheguei em casa e o Caio estava na porta da casa dele, mas não quis cumprimentá-lo e entrei e coloque o carro na garagem. Chegando a casa minha mãe estava com cara emburrada.
-O que aconteceu, Dona Anna. – adorava chamar a minha mãe pelo próprio nome dela. – pode me contar, vamos pro meu quarto- minha mãe me contava tudo e eu contava tudo pra ela, então a gente combina uma com a outra.
Ela deu de ombros, e subiu direto pro meu quarto, eu fui logo atrás sem falar nada. Cheguei ao meu quarto e fechei a porta, para meu pai não ouvir a nossa conversa, porque a minha mãe não gostava dele ficar sabendo de suas preocupações

Meu livro: O Calor e o Gelo

O calor e o gelo


-Sempre foi assim, não é hoje que irá mudar.

“Antes de você, Bella, minha vida era uma noite sem lua. Muito escura, mas havia estrelas... Pontos de luz e razão... E depois você atravessou meu céu como um meteoro. De repente tudo estava em chamas; havia brilho, havia beleza. Quando você se foi, quando, o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou negro. Nada mudou, mas meus olhos ficaram cegos pela luz. Não pude mais ver as estrelas. E não havia mais razão para nada.”
Edward Cullen, Lua Nova, capítulo 23, página 366




Prólogo

Como todos aqui da cidade sabem, a minha vida é calma, tranqüila e sem movimento algum.
Todos os dias eu fico em casa e só saio para ir para a escola.
A partir desses últimos dias ando saindo com os amigos, apesar de não gostar muito disso. Mas são férias e não tenho nada para fazer em casa, então essa é a única alternativa.